sexta-feira, 11 de junho de 2010

O olhar perdia-se na imensidão azul. O vento parecia dividir-se em brincar com o seu cabelo e em gelar lhe a pele branca. Mas não se importava, trazia com ele o leve cheiro da maresia. Ajudava-a a esquecer o cheiro dele. Aquele perfume que parecia surgir em todo lado. Que fazia com que olhasse em todas as direcções à espera de o ver, mas a rezar para não ser ele. Com o perfume vinham as lembranças dos beijos doces e leves, do toque suave e provocante, das palavras sussurradas ao ouvido com aquela voz rouca... Fechava os olhos com força cada vez que se lembrava. Não queria recordar-se da sensação que era estar nos braços dele e sentir a sua pele quente... As mão cerravam-se na areia com raiva, por não conseguir evitar. Eram momentos em que era feliz. Efemeramente, mas feliz. Ou talvez se enganasse a si própria.
Levantou-se, algo insegura do que fazia. Desceu até à costa, deixando que a maré chegasse aos seus pés. Foi como se lhe gelasse a alma. Tal como ele fazia quando não lhe falava, a ignorava e quando ia embora. Abriu a mão e viu a concha que tinha agarrado. olhou em frente e perdeu-se no mar. Desconhecido, sem limites, imprevisivel, com tantas histórias para contar mas preferir o segredo. Percebeu então que ela era como a concha, apesar de bonita, com falhas, sem muitos misterios, pequena. Demasiado pequena para a imensidão que lhe prendia o olhar, tal como ele. Talvez um dia se aventura-se. Talvez um dia o tentasse compreender. Mas aquele não era o dia. Olhou para o Sol, tímido, a brilhar no céu e virou costas ao mar. E a ele.
Enquanto caminhava pela praia sorriu e pensou de como gostava mais do campo. Do verde das àrvores, das cores das flores e dos sons dos bichos. Mesmo assim levava a concha na mão, para um dia se lembrar que teve um mar só para ela.

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