segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

As mãos suavam. As pernas tremiam. Não conseguia focar nada. Ajusto as lentes e nem assim. O nó no estômago piora. A voz treme e não parece minha. Sei que aqueles olhos escuros estão em mim. Olho para as letras á minha frente e não as vejo, tento me lembrar e não sai nada. Improviso e engasgo-me. Olho para o fundo da sala e respiro fundo. Pareceu que tudo parou quando por segundos os encontrei. Menos brilhantes que antes, menos intensos como sempre. O estômago aperta mais e cerro os punhos. Continuo a falar num tom de voz que não é meu. As letras dançam á minha frente e acabo a minha parte. Estalo o polegar na esperança que o som me faça sair daquele estado. Nada. Fecho os olhos com mais força, as lentes ajustam-se e nem assim consigo focar. Continuam no fundo a olhar para mim, mas ignoro. Não são eles que me têm assim .Aqueles olhos. Já não são meu para me afectarem. Batem palmas. Acabou. Fujo para o meu lugar e continua o coração a bater me na cabeça. Deve ser do café. Sei bem que não o posso beber. Que me faz mal. Mas continuo. Tal como ainda sonho os aqueles olhos. Mas mais brilhantes e intensos como sempre. Prefiro acreditar que foi do café.
Sim…foi do café...